7 de mar. de 2011

Passeio ao Sol



sinto um calor

ancorado em geometrias

que ruminam silêncio.

vago mouco

e descampado

numa doentia febre.

perdido e sem sombra

pergunto ao non sense

quem és?

pergunto pelo perpétuo

pelo oco,

e minha própria flama

revela uma resposta abissal

sobre o fogo imperecível

e o supor-se vivo,

adorável vertigem.

26 de dez. de 2010

um calo no dia

soy una flor carnivora

y estoy hambrienta

de tu rosa piel.*


acaba de cravar-se em minha pele

uma flor

que de um tango logo de despe

se elogiada, intumesce

e se roça uma pluma,

desabrocha inteira.

me morde os pelos

os dentes

e já não posso guardar em mim

o que não satisfaço com pele.

ignoro seus desejos

e já muda o gosto

se algum descubro.

não mais me livro

de carecê-la

depois de sorver seus fluidos

agridoces

e se a vejo aberta

orvalhada de pingos multicoloridos

esqueço que me corrói.




*[Disco: “Puntos Cardinales”, Ana Torroja - 1997]

1 de dez. de 2010

Pessoa(s)

alguma peça única
sem encaixe
anagrama imperfeito
pessoas mil
num feixe



1 de nov. de 2010

Canção Pra Ninar Segredo



Não fecha ainda os teus olhos

Que estou compondo canções

Que bem te façam dormir.

Deixa eu trançar teu cabelo

Pôr este laço risonho

Pra que apareças bonita

No sonho.


Dá mais um pouco de calma

Pra sonolenta menina

Anjo da noite e da guarda

Que um verso ainda me falta.

Sei que ela é toda cansaço

Mas posso ainda ofertar

O meu braço.


Deixa eu contar-te um segredo,

Já que não ouves pois dorme:

Essa canção é um rodeio

Para assistir o teu sono.

Ó paixão, pra sempre dorme

Que por teu sono troquei

A lua enorme.