25 de jan. de 2010

PREMATURA

Flui estouvada.
Seduz fingidamente viva.
Cotovela para ser gestada.
Aduba a anticoncepção.
Logo respira, anda e fala.
E logo também berra, altiva.

Magoada prenhez.
Que quebrantou cada estação.
Mês-a-mês.

Magoada parição.
Da anca desarranjada.
Do complexo da castração.
Emancipada na fralda.

Magoada abstração.

19 de jan. de 2010

PECADOS DO (Ó)CIO


Sistematicamente guardava-se o clímax numa garrafa sem rolha.


●●●●

18 de jan. de 2010

PARA BOLINHAS DE MIOLO DE PÃO

Descrição não passa de ampliação nula.
Crosta impermeável ao redor da coisa.
Muro de acréscimo para cobrir genitália.
Da coisa sem intervalo e puramente coisa
Que além de bisonha é demasiada nua.

17 de jan. de 2010

ERMO






“Tudo isso é nada

Mas numa estrada
Como é a vida
Há muita coisa
Incompreendida.”
(Fernando Pessoa)

Esse isso apagado,
é Deus disfarçado,
é Deus confundido.
Um anjo encaramujado
é tudo que sobre-restou:
pra vigiar o isso oculto,
o lírico reboto, calado.

Esse isso lume,
é o senhor desse chão,
é a cicatriz do lírico no mar,
é uma saudade-solidão.

Esse isso solidão,
é um isso universo,
que é ele,
que é só,
que é ninguém,
no meio dessa gentarada,
no centro de tudo
na orbe do nada.