21 de jul. de 2010

SOB(RE) LÁGRIMA




Bastou um olhar,

pr’eu adentrar em teu rio-alma

e ficar ilhado em tua amêndoa.

Cativo no indefinido.

Bem no centro:

por onde desliza toda cor que vês.

Bastou outro olhar,

pr’eu banhar-me nessas linhas espectrais,

escorregar nesse corte verde-gaio,

e inclinar-me para todas as margens

do teu rio maior que o mar.

Bastou um querer,

pr’eu volver para o lado mais doce

e ficar preso em tuas celhas negras

que me trancaram entre pálpebras.

Bastou um sentir,

pro rio então se converter salgado

e formar-se uma correnteza inflamada

que carregou-me consigo para fora,

fazendo-me deslizar pelo teu rosto

e dessalgar em tua boca.

Naveguei em teu rio-alma.

E me bastou.



3 de jul. de 2010




Deitada a sonhar
Na que é de dormir
Na que era de amar.